sexta-feira, 20 de junho de 2008

Lembranças do Largo

O Largo da Ordem esconde uma face sombria. Nas madrugadas, em qualquer dia da semana, viciados se reúnem para o consumo de drogas. Esta história se repete há muitos anos.

"Eu saía de casa e passava quatro, cinco dias fora de casa. Dormia nos bancos ou na grama".Este é o depoimento de Vilma Ferreira Leite, 42 anos, que no início dos anos 80 passava dias perambulando pelo Largo com um grupo de viciados. "Na época tinha um lugar de rock chamado Operário. Lá eu começava a usar drogas, geralmente na sexta à noite, só parava na segunda". Ela conta que já viu muita coisa no lugar, como pessoas tendo crises pelo excesso de uso de drogas, jovens apanhando de seus pais quando encontrados, pessoas fazendo suas necessidades fisiológicas ali mesmo, na rua. "Não foi uma boa época pra mim. Não guardo boas lembranças deste lugar. Algo de bom pode ter acontecido ali naquela época, mas não comigo". Hoje Vilma parou de usar drogas. Constituiu família e procura não relembrar o passado.



Histórias como essas não são difíceis de encontrar. O Largo é um local tradicional para o encontro de estudantes, professores, estudiosos e pessoas de todos as tribos, porém, também reúne viciados e moradores de rua e acaba sendo conhecido por muitas pessoas como Largo da Desordem.

Apesar dos pesares, nossa persongem Vilma, quando indagada sobre o que pensa do local responde com um sorriso: "Não foi bom pra mim naquela época, mas a culpa foi minha. Eu acho o Largo da Ordem um lugar lindo, com várias atrações culturais. Até a noite de lá é atraente, para quem sabe aproveitar".

Jaquelyne Carlin

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